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Enxaqueca tensional ou cefaléia tensional

Enxaqueca tensional ou cefaléia tensional

20/01/17 - Odontologia

CEFALÉIA DO TIPO TENSIONAL


Dentre as cefaleias primárias, a cefaleia do tipo tensional, em sua forma episódica, é a mais frequente.

No passado, várias denominações se referiam a esse tipo de cefaleia: cefaleia de contração muscular, cefaleia de estresse e cefaleia psicogênica. Atualmente, a cefaleia do tipo tensional está bem definida na classificação da Sociedade Internacional de Cefaleia (SIC), com critérios claros de diagnóstico.

Epidemiologia

Possui elevada prevalência.  Há estudos epidemiológicos que evidenciam porcentagens de 38% a 74%. Considerando a prevalência na vida toda, as porcentagens são de cerca de 69% em homens e 88% em mulheres. Considerando a prevalência em um ano, os dados são similares, 63% nos homens e 86% nas mulheres.


Diagnóstico e Quadro Clínico

O diagnóstico é clínico e geralmente não requer exames complementares. O exame neurológico é normal. A palpação dos músculos pericranianos deve ser feita rotineiramente. É muito importante obter história clínica detalhada das características da cefaleia, seu tipo, intensidade, localização, duração, periodicidade e etc.

Em geral, os pacientes descrevem a dor como uma sensação de aperto, pressão ou peso envolvendo a cabeça como uma faixa ou capacete. A localização pode ser bilateral ou apenas do lado mais afetado pela tensão muscular. Normalmente não há sintomas associados como náusea e osmofobia, e o vômito não acompanha essa dor.


Diagnóstico Diferencial


As diferenças essenciais entre a cefaleia do tipo tensional crônica e a migrânea são a ausência de uma história prévia de migrânea episódica e a ausência de exacerbações bem definidas com características migranosas como unilateralidade predominante, qualidade pulsátil da dor, náusea intensa e vômitos.

Fisiopatologia

Uma única etiologia e uma única fisiopatogenia não podem explicar a cefaleia do tipo tensional, que é complexa, envolvendo diversos fatores e vários aspectos dos mecanismos geradores da dor.

Predisposição genética

Devido à enorme prevalência e variabilidade na frequência e intensidade da cefaleia do tipo tensional nenhuma predisposição genética pode ser referida. Recentemente foi sugerido existir predisposição para o aparecimento da forma crônica. Até o presente, a grande maioria da população, talvez todos, tem potencial para desenvolver a cefaleia do tipo tensional se expostos a fatores desencadeantes.

Fatores desencadeantes

A associação entre cefaleia do tipo tensional e ansiedade e/ou depressão é sugerida por diversos trabalhos. Alterações emocionais, estresse psicossocial, tensão, ansiedade e depressão, são encontrados com frequência nos pacientes que procuram o profissional  devido ao agravamento da cefaleia.

Mecanismos periféricos e centrais

Um episódio de cefaleia do tipo tensional episódica pode acontecer em qualquer indivíduo normal. Então, o episódio doloroso pode ser deflagrado por mecanismos normais de nocicepção. Existe a possibilidade de ocorrer por sensibilização dos nociceptores periféricos situados nos músculos pericranianos ou de neurônios de segunda ordem na medula ou supra-espinhais. Ou ainda, ocorrer por diminuição dos mecanismos antinociceptivos centrais, com diminuição do limiar da dor. Em circunstâncias normais, a cefaleia do tipo tensional seria favorecida por ativação inadequada das vias controladoras da dor, possivelmente devido à ansiedade, estresse e distúrbios emocionais. Além disso, existe um complexo mecanismo de sensibilização de neurônios centrais envolvendo interneurônios do tronco cerebral, sistema límbico e sistema trigeminal.


Tratamento

Assim que diagnosticado que a origem da cefaléia é tensão muscular, o foco passa a ser a busca do relaxamento da musculatura, reeducação postural e analgesia.

A toxina botulínica, vulgarmente conhecida como BOTOX, atua bloqueando a atividade muscular excessiva, promovendo relaxamento da mesma, e desfazendo-se assim o quadro de dor. Pode-se utilizar também, em caso de apertamento dentário excessivo, placas de acrílico miorrelaxantes em associação com a toxina botulinica, o que além de promover relaxamento muscular também promove conforto para as articulações temporomandibulares (ATM).